
2020
Nas artes visuais ou na mĂșsica, o trabalho de Gabriel Junqueira Ă© uma luta metalinguĂstica que tenta abrir brechas no interior do capitalismo digital e seus dispositivos eletrĂŽnicos e redes sociais. Mas diferente do futurismo ou das propostas primĂĄrias do filĂŁo âarte e tecnologiaâ, nĂŁo hĂĄ sonho ou utopia no progresso tecnolĂłgico. âNo agora os corpos e as subjetividades se tornam informação: dados que se convertem em moeda de troca em prol de um controle do capital. A cada post, curtida, registro, interação e pesquisa deixamos rastros e pegadas em forma de dados, que sĂŁo a matĂ©ria a prima desse sistemaâ, conta, por email, o artista de Fortaleza radicado no Rio. Apesar da visĂŁo crĂtica, Junqueira tambĂ©m nĂŁo propĂ”e nenhuma recusa ou negação radical das redes e da experiĂȘncia de vida digital. O ponto central Ă© entender como a subjetividade Ă© construĂda nestes meios, em que o corpo Ă© desmaterializado e se transmuta em pĂxels e nossos interesses e gostos abastecem um valioso banco de dados para empresas multinacionais. âA tentativa Ă© de criar uma fenda, uma outra forma de olhar para o mundo e para o prĂłprio suporte no qual o trabalho se dĂĄ. Ă dicotĂŽmico no sentido de que, mesmo ao utilizar os dispositivos e suportes de controle na tentativa de desvirtuĂĄ-los, tambĂ©m os estou alimentando, de forma que a ideia da ruptura pode ser, por si sĂł, jĂĄ jogar o jogo esperado.â. Vindo das artes visuais, ele expandiu seu universo artĂstico para a mĂșsica com dois ĂĄlbuns lançados em 2020: Imagens de Desastres em Alta Resolução (lançado pelo selo Meia-Vida) e NĂ©voa (pelo selo Domina). Na mĂșsica, ele assina e performa como Naves CilĂndricas: um avatar, uma mĂĄscara de sujeito genĂ©rico, como um holograma sem gĂȘnero ou identidade reconhecĂvel. âA tentativa Ă© de evocar um corpo vazio dentro da ideia de virtualidade: onde presença e ausĂȘncia se tornam o mesmoâ, explica… Continue Lendo no Volume Morto         Â
Fonte: hominiscanidae.org





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