
2016
Beatriz escreveu um poema nomeado “eu me sento aqui agora em mais uma noite fria de junho”. Em junho, li o poema, mas numa manhã quente. O texto, certeiro, cativante, era tradução da mente em verbo, fotografia do invisível, como se fosse possível recordar os detalhes do sonho que a gente esquece assim que acorda. O nome desse disco da Monte Kling é “eu me sento aqui agora em mais uma noite fria de junho” porque ele é, também, uma tradução, de verbo em música, e como toda tradução, me ensinou Beatriz certa vez, é também um bicho novo, já que a mão que escreve não pertence aos olhos que leem, e os tímpanos que vibram mais do que deveriam com meus registros amadores também não são os de meus ouvidos…
Fonte: hominiscanidae.org