2020
“As pessoas falam da década de 1970 como se tivesse sido o máximo. Foi um horror”, pigarreia o cantor, compositor, poeta, diretor musical e visionário pernambucano Flavio Tadeu Rangel Lira, o Flaviola. Quando tinha 21 anos, no Recife, o artista lançou o disco independente Flaviola e o Bando do Sol (Rosenblit, 1976). Uma obra que não aconteceu no seu tempo. Era tecnicamente malfeita, o elepê tinha encarte em papel vagabundo, a capa tinha um plástico que formava bolhas, a qualidade da gravação era ruim. Mas estava predestinado à eternidade. A música era visionária e atravessou as décadas como um cult absoluto, uma lenda do chamado “udigrudi”, da contracultura dos anos 1970, a amamentar as novas gerações. O elepê foi relançado essa semana pela Polysom/Rosenblit, em 180 gramas, finamente recuperado. Custa R$ 120. Cheio de estranhezas e excentricidades, Flaviola e o Bando do Sol legou um único hit para seu tempo: Romance da Lua, Lua, que foi gravado por Amelinha e virou título do disco da cantora cearense em 1983. A gênese do artista pernambucano Flaviola foi no teatro, como ator de teatro infantil, sob direção do autor e encenador Eduardo Maia (que depois virou professor e estudioso de astrologia), na confluência entre a música e sua encenação. Flaviola não era um cultor dos experimentalismos estrangeiros, foi muito mais influenciado pelo Laboratório de Sons Estranhos (LSE), uma espécie de academia de música do Recife encabeçada por Aristides Guimarães a partir de 1966 (apelidada de tropicalismo pernambucano). Flaviola não perdia uma apresentação da banda do LSE, que se apresentava naquela época no auditório do Colégio Damas Cristãs, no Recife. “O Recife é foda. Foi o show que mais me impressionou. Era uma coisa de louco, um negócio maluco”… Continue lendo no Farofafá
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