2020
Logo no início do filme O Céu que nos Protege (1990), de Bernardo Bertolucci, um trio de viajantes americanos chega à Argélia. O ano é 1947 e eles pretendem conhecer a região, viajando por todo o norte da África. “Devemos ser os primeiros turistas desde o fim da Guerra”, um deles diz, ao que um outro responde: “nós não somos turistas, somos viajantes”. A distinção, ele explica, diz respeito àquelas pessoas que estão sempre pensando em voltar para casa, diferentemente daquelas que, ao contrário, nem sabem se um dia voltarão. O filme apresenta uma África setentrional através de imagens texturizadas e cores saturadas. A belíssima fotografia de Vittorio Storaro preenche os sentidos com paisagens arenosas de uma tonalidade rosa e laranja. Assim, a história de O Céu que nos Protege parece uma de contemplação. No entanto, avançando pelo deserto, enfrentando suas agruras e provando de suas delícias, as personagens nos ensinam que a viagem é sempre o símbolo de um outro tipo de jornada: uma interior, de autoconhecimento. Fabio Pinczowski, em seu primeiro álbum solo, intitulado Habilidades do Deserto, propõe a sua jornada imaginária ao norte da África. Inspirado por algumas fotografias tiradas pelo seu pai nos anos 1970 em Marrocos, o músico constrói ao longo de sete faixas uma narrativa instrumental que conduz o ouvinte por uma viagem cinematográfica e imaginária. Apesar deste ser seu primeiro trabalho solo, que debuta o nome próprio impresso na capa, Pinczowski já soma 15 anos como produtor musical. É também ele quem conduz, ao lado de Mauro Motoki, o programa Clubversão, veiculado pela HBO, no qual propõe – a artistas do calibre de Milton Nascimento ou Gilberto Gil – novas roupagens para clássicos da música. Esse caminho como produtor, consequência lógica de uma trajetória como músico integrante de bandas instrumentais, resulta afinal nas experiências oferecidas em Habilidades do Deserto… Leia mais na Monkeybuzz
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