
2019
A voz â assim como o que ela pode cantar â nĂŁo Ă© uma exclusividade da garganta. FĂsica e metafisicamente falando, ela pode vir dos lugares mais insĂłlitos. Ela pode brotar dos pĂ©s, ou da barriga, nascer no pulmĂŁo e chegar ao mundo atravĂ©s da pele. Foi sob o impacto da estranheza dessa descoberta que a artista recifense Aninha Martins começou a compreender que o ato de cantar pode reverberar nĂŁo apenas da sua voz, mas do seu corpo como um todo. Foi uma revolução para a jovem cantora que, em meio ao processo de descoberta do seu fazer artĂstico em linguagens outras, como o teatro, ousou trazer esse corpo para a mĂșsica, mesmo que aos pedaços. Ă assim que chega aos ouvidos gerais Esquartejada, o ĂĄlbum de estreia de Una, a persona que Aninha assumiu para representar o seu lado musical. Esquartejada foi o nome que, inicialmente, batizou o show de estreia solo da cantora, em 2013. Promessa antiga e envolta em expectativas, Esquartejada â o disco â chega como resultado de um processo criativo repleto de inquietaçÔes artĂsticas e emocionais de Una. âO esquartejamento do meu corpo Ă© sĂł um deslocar. Como se vĂĄrias micropotĂȘncias que eu falo em cada mĂșsica criassem um corpoâ. Esse corpo â que jĂĄ carrega em si, como ela faz questĂŁo de pontuar, os estigmas e as opressĂ”es intrĂnsecas ao fato de ser uma mulher negra, pobre e nordestina â, em sua amplitude de significados, Ă© o condutor cĂȘnico do que as cançÔes no disco se propĂ”em a dizer… VIA         Â
Fonte: hominiscanidae.org





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