2017
Sambas Do Absurdo é o resultado do encontro de três artistas centrais na música popular brasileira contemporânea, cada um deles, a seu modo, renovadores da linguagem da canção em nosso país. De modo esquemático, identificarei assim o papel de cada um neste trabalho: o compositor Rodrigo Campos, o produtor Gui Amabis e a intérprete Juçara Marçal. Criadores de muitos recursos, naturalmente seus papéis se cruzam e se misturam ao longo do disco, mas valho-me dessa classificação para melhor elencar as muitas conquistas deste Sambas do Absurdo. Começo pelo início, pelas composições. Pelo compositor. Se analisarmos sua trajetória até aqui, notamos que Rodrigo Campos vem construindo uma geografia própria – territorial e afetiva, que organiza e conduz o repertório de seus discos a partir de personagens e lugares que povoam seu cotidiano e sua imaginação. Foi assim logo em sua estreia com São Mateus Não É Um Lugar Assim Tão Longe (2009) em que lugares e personagens se confundiam com sua história pessoal, narrando passagens de sua vida no bairro da periferia paulistana onde viveu parte de sua infância e adolescência. Em seu segundo disco Bahia Fantástica (2011), essa geografia se dilui. A Bahia de Rodrigo é uma Bahia imaginária, povoada de escravos e seus senhores, de paisagens e personagens criados por ele, para refletir suas próprias aflições, misturando passado e presente, mitos e estórias reais, realidade e fantasia, vida e morte. Em Conversas com Toshiro (2015), seu terceiro disco, essa cartografia avança em duas direções. Ao mesmo tempo em que geograficamente se afasta cada vez mais de São Mateus, chegando ao Japão depois de ter passado pela Bahia, Rodrigo também realiza um mergulho profundo para dentro de si mesmo. Ele próprio explica esse mergulho em uma notável série de textos onde esmiuçou cada faixa de Conversas com Toshiro… VIA
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