2021
Na capa de Borogodó, seu segundo álbum de estúdio, MC Carol toma o posto da Vênus do pintor italiano Botticelli e se ergue como a deusa negra do amor, da sexualidade e da afrodisia. Mas enquanto no quadro renascentista os anjos castos cerceiam a divindade romana, tentando ocultar-lhe o corpo e reprimir sua sexualidade, na releitura de Carol ela aparece com um sorriso malicioso de canto de boca e rodeada por homens negros chavosos (cabelo na régua, nike de molas no pé e lupa espelhada julliet) que se ajoelham aos seus pés, desdobrando-se para realizar seus desejos — um deles até lhe estende um Toddynho, que a MC de 27 anos revelou ser sua bebida favorita. Assinada pela Teto Lab, a capa é uma pista provocadora da potência subversiva que o Funk vem produzindo através do usos criativos do erótico em suas letras — sobretudo pelas MCs mulheres negras, e em especial por MC Carol e sua singular poética da putaria, uma mistura afiada de marra bandida (como em “Jorgin Me Empresta a 12”), senso de humor absurdo (“Bateu Uma Onda Forte”) e doses agudas de discursos feministas das periferias ( “Vou Largar de Barriga” e “Me Espancou”)… Continue Lendo no Monkeybuzz
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