1987
O jornal O Estado de S. Paulo trazia em suas páginas no dia 30 de agosto de 1961 o texto “Drama com música eletrônica”, no qual uma jovem compositora explicava os sentidos de seu novo espetáculo, Apague meu spotlight, criado em parceria com o compositor Luciano Berio e apresentado naquela temporada nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. A música era acompanhada de gravações das vozes de atores — os integrantes do Teatro dos Sete, Fernanda Montenegro e Sergio Britto entre eles, dirigidos por Gianni Rato; os cenários, feitos apenas de luz; a coreografia, expressionista. E do que falava a história? “Não há sequência, não há história. Pois em torno de nós, não há sequência, não há histórias. Há apenas spotlights que se acendem e se apagam docemente, sem o menor ruído. O mundo é aparência, apenas existem aqueles que criamos dentro de nós mesmos”, explicava Jocy de Oliveira. O articulista quase consegue disfarçar o tom incrédulo ao reproduzir as propostas do espetáculo, mas a surpresa talvez fosse justificada. Afinal de contas, Apague meu Spotlight introduzia diversas novidades. Foi a primeira apresentação no Brasil de um espetáculo de música eletroacústica, gênero no qual os sons dos instrumentos no palco dialogam com outros pré-gravados e manipulados eletronicamente; propunha a quebra da linearidade ao narrar uma história que tinha como tema uma discussão impactante a respeito da posição da mulher na sociedade; e previa um elemento normalmente estranho ao mundo dos intérpretes da música clássica: a improvisação… Leia Mais no Zumbido
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