Ghost Like – Ghost Like EP

Era uma cidade muito engraçada, não tinha verve, não tinha nada… ninguém podia tocar nela não, porque só toca quem molha a mão. Ou então é patrão, amigo, vizinho, ficante, parente, interesse. E por baixo desse manto sagrado e familiar, por volta da meia noite, perambulam pelas ruas, vagantes, vadios, incertos, arredios. Fantasmas. De todos os tipos. Os esquecidos, os que não conseguiram, os que perderam, os que caíram. Mas não há para onde cair mais. O chão é o limite. O chão frio de todas as noites. Não para dormir, para viver. E como por instinto se tornam felinos: dormem durante o dia, caçam a noite. Gatos de rua comendo os restos que as hienas deixaram. O silêncio se quebra com o ranger de mandíbulas. E ao raiar do dia, quando o leão da manhã ruge impaciente, um ruído se sobrepõe a massa que cotidianamente caminha entre os invisíveis. Não os veem. Não escutam o ruído. Mas ele está lá. Constante e implacável. Um ruído que paira numa frequência ignorada. O ruído de uma cidade fantasma…          

Fonte: hominiscanidae.org